Relato da Júlia

Parto de Cócoras – Casa de Parto

A Gravidez…
Minha gravidez mesmo com todos os pesares naturais de uma, foi super tranqüila.
Passamos por todas as novidades juntinhos e ansiosos para a chegada de Zion.Papai sempre calmo e confiante me apoiou sempre para ter parto natural. Afinal ele bem sabia como eram feitos os parto de hospital, pois na época trabalhava no Centro Obstétrico do Hospital Mandaqui. E por mais que a equipe fosse e é, muito responsável e cuidadosa, sabia que não chegaria nem perto do parto que tanto sonhávamos para nosso bebê. Seria um parto frio, mecânico e talvez cheios de intervenções desnecessárias. Minha vontade sempre foi ter um parto natural, se possível em casa de parto, sem cortes, nem medicamentos e muito menos em ambiente hospitalar. Durante as consultas do pré-natal, meu obstetra ficava me alertando sobre todos os riscos de se tentar um parto natural, e que era coisa de doido irresponsável. Tudo corria bem, mas ele não se cansava de me “azucrinar” com seus alertas. Claro que sabíamos que poderia ocorrer complicações, mas eu pagaria pra ver. Sempre tive certeza da minha natureza feminina, e que Deus em sua sabedoria eterna…Nos fez aptas e perfeitas para parir nossas crias naturalmente. Então decidimos que ganharíamos nosso Zion na casa de parto, Casa de Maria. Visitamos a casa, conhecemos tudo e todos…Fomos tratados como em um hospital particular, cheio de cuidados e carinhos…A médica me incentivou a fazer o que sentia vontade, e me passou muita segurança. Me contou que caso houvesse necessidade de internação por complicações, que seria encaminhada pra sala de cirurgia no hospital que fica atrás da casa de parto. E se fosse o caso, estaria sendo atendida para uma cesárea em 5 minutos apenas. Tudo decidido, agora era só esperar…O porém era como chegaríamos lá… Eu morava na ZN, freguesia do ó, e a casa ficava na ZL, Itaim Paulista… Combinamos com meu tio de que ele nos levaria quando chegasse a hora.

Dia 03/10/2004 ás 13 horas…Corremos para a casa de parto, pois eu estava sentindo leves contrações, mas comoera mamãe de primeira gravidez, não percebi que era só o comecinho… rsrsrs…Chegamos lá, fomos super bem atendido, mas informados de que não era hora.Ai ai ai, que coisa…Fiquei tristinha…Mas sabia que era normal isso acontecer.Então voltamos pra casa e aguardamos mais um pouco a chegada de Zion.Dia 05/10/2004 durante o dia…Me sentia super bem disposta, com a corda toda…rsrsrs…Fazendo faxina, arrumandogavetas e roupinhas…Aproveitamos pra montar o berço, a cômoda e todo o resto.Fiquei por ali, andando de um lado pro outro, ansiosa em sentir a bolsa estourar…Mas nada acontecia então decidi relaxar e ouvir música enquanto os meninos Brincavam e os rapazes conversavam…Tudo normal até aquele momento…

06/10/2004 01:00 da madrugada…A Grande Noite…Acordei com “coliquinhas’ leves, mas regulares…De 10 em 10 minutos…Fiquei super feliz, pois estavam regulares e sentia que seria naquela noite.Levantei quietinha e fui me preparar…Tomei um longo banho acariciandoa barriga dura e falando pro Zion que ele teria que me ajudar e ser corajoso.Falava que estava feliz demais, e que era pra ele fazer força com a mamãe…Durante o banho sentia as contrações mais fortes e menos espaçadas do que antes.Após fazer toda a higiene pré-parto sozinha, saí, passei um café e preparei tudo.Após estar tudo certo, decidi acordar meu marido Tiago e ligar para meu tio.Deixei isso por último pois queria sentir esse momento sozinha, me preparar sem aquele nervosismo típico dos papais e homens normais…rsrsrs…e deu certo…Quando ele acordou mesmo, se levantou correndo e já um tanto desnorteado.Tomamos um café com meu tio e fomos pra casa de parto, que ficava longe.Saímos de casa umas 3 horas da manhã, nos perdemos e chegamos na casaDe parto ás 5 e pouco…Não agüentava mais ficar deitada no carro…rsrsrs…Meu tio a todo instante perguntava: – E aí, tá tudo bem?? Fala, grita, dá sinal.E eu quietinha, encolhida e meditando o caminho todo, só queria respirar…Quando estiquei meu corpo, ai que alivio, como era bom andar, andar e andar.Dei entrada na casa e como sempre só faltou um tapete vermelho aos meus pés.Em todos os momentos eu era avisada do que seria feito em meu corpo, e o queestava acontecendo comigo e com o bebê. Após constatarem o início do T.P, me encaminharam pra um quarto lindo, intensamente caloroso e intimista…Meu Tiago arrumou o som e me amparou até o banheiro, nessa altura da noiteeu já estava com sono e cansada, mas não soltava nenhum gemido, nada…Sentia que se gritasse e me desesperasse, seria o fim…Gastaria força á toa.Afinal eu tinha que ouvir meu corpo, meu filho e deixar o instinto me guiar.

Sentia que o Zion estava fazendo seu máximo, e que pra ele não estava sendofácil também…Aquilo me dava mais força pra fazer força…Força e Força.Não queria sair de baixo do chuveiro quentinho, era um bálsamo pra mim.Meu marido quietinho do meu lado só admirava aquele momento, e oravapara eu ser forte até o fim, como demonstrava estar sendo até aquele momento…Hoje vejo o quanto ele me respeita e confia em mim, me deixou livre pra parir.As dores não eram monstruosas, pois ouvia mulheres se acabando de gritar nosoutros quartos, e não entendia o porquê…cheguei a ficar com medo de não terchegado naquele ponto ainda…Mal sabia eu que já estava no fim…Só queria sentir aquela dor mágica, que a cada contração me levava de encontrocom Deus, comigo mesma e com minhas ancestrais fêmeas…Mulheres sábias.Sentia aquela dor com toda a alegria que se sente um prazer, sabia que ela seriacomo eu quisesse e suportasse…Afinal, dor é dor…a diferença é como você asente, vivência e controla ela…e não o contrário…eu controlei bem essa dor.

06/10/2004 ás 6 e pouco da manhã…No meio do chuveiro senti uma forte pressão no quadril, sentia minha bacia seabrindo de tal maneira que me me veio na mente…Coloca o dedo na vagina.Quando coloquei senti a cabeça de meu filhote coroando, só consegui rir, olheipara o Tiago (que assustado me olhava em silêncio) e disse sorrindo:- Chama a médica, ele ta nascendo, a bolsa estourou… rsrsrs…Vai, vai…Estávamos sozinhos no quarto, pois era virada de lua e a casa estava cheia…Ela avisou que a qualquer momento podia chamar, mas eu só quis vê-la na hora H.Meu marido não sabia se corria, se ficava, o quê fazia…Até que correu pro corredor.Voltou com a Enfermeira Obstetra, que por sinal estava admirada e me falou:- Você não fez nenhum barulho, até tinha esquecido de vocês…rsrsrsr…Eu disse que só queria vê-las naquela hora…rsrsrs…e foi o que fiz realmente…Arrumaram a cama para um parto deitado, mas assim que vi o cano atravessado a minha frente, grudei nele de cócoras e fiz força com vontade, muita vontade.Elas me olhavam e ficavam curiosas, uma mulher de dreads, tatuagens e vontades.Lembro de uma delas ficar me falando, deita, deita…e eu não ouvia…só fazia força.Após 3 longas forças de meu bebê e eu, finalmente olhei entre minhas pernas e vi…Vi sua cabeçinha cheia de cabelo saindo por minha Shakti…Lindo…Lindo…

Sentia meu corpo abrindo passagem para aquele serzinho forte e corajoso que terminava ali sua jornada rumo á luz divina…e como foi corajoso meu Zion.Após sua cabeça sair, não sentia vontade de fazer força, e sim de esperar eleliteralmente escorregar levemente nas mãos da Flora (enf. obstetra)…E assim que seus pezinhos saíram de meu corpo, pude chorar as lágrimas maislindas de toda minha vida…Lágrimas de contentamento que lavaram minha alma.Assim que saio chorou e veio pro meu seio, bastou encostá-lo e ele agarrou comose estivesse á séculos com fome…e devia estar…rsrsrs…Mamou o quanto quis…Enquanto mamava, o pai todo orgulhoso cortava seu último vinculo com o útero. Ficamos os três ali, imóveis e encantados com tudo que tinha e estava acontecendo.Quando enfim meu marido falou: – Ele tem seus olhos lindos Jú…Ele é lindo.E eu pude ver o quanto parecia com nós dois, feito de nosso amor verdadeiro…Mesmo sujinho, amassado e preguento…Era a criança mais linda de todo o mundo.Aí foi só ficar ali namorando e lambendo a cria com cheiro de novinha em folha…rsrs.

Depois de 3 horas a enfermeira pediu pro papai sair pois tínhamos que tomar banho e ser transferidos para o quarto coletivo do pós-parto…Onde só podiam ir as mamães…Com um olhar triste e feliz vi meu amor ir embora…Ainda no quarto em que pari…Aproveitei enquanto Zion dormia, levantei sozinha e fui direto pro chuveiro (meu querido amigo nas horas daquela noite mágica e intensa)…rsrsrs.Após um longo e revigorante banho, me troquei e fui direto pegar meu filhote, que estava tomando seu primeiro banho…chorava feito um hominho bravo…E enquanto eu trocava ele, a auxiliar que me ajudava, me enchia de perguntas…Por quê não quis deitar? Por quê tem esse cabelo? Por quê não gritou???…Eu muito feliz explicava tudo, e mostrava que por mais “diferente” que eu era por fora…Por dentro era igual á todas as mulheres do mundo que acabara de parir.Afinal, por quê deitar se a gravidade está pra baixo??? Por que ser igual se posso serEu mesma…e por que ser estática se posso ser mutável??? Eu sou eu nada + nem -.Não sou mais que ninguém, não sou mais mãe por ter tido parto natural, não souperfeita em tudo…Mas sou forte o bastante pra lutar por meus direitos e sonhos…E PARIR NATURALMENTE E COMO ESCOLHI, FOI MEU DIREITO…)O(…

Meu filhote nasceu ás 7:20 da manhã do dia 06/10/2004.
Pesava 3.115 e media 50 cm de pura gostosura…rsrsrs…Apgar normal, meconio, xixi, sucção e sentidos normais e ativos.E bota ativo nisso, o bichinho nasceu e grudou no peito com gosto.

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